"Urge saber quem fica e quem não fica. Não podemos ficar mais um mês num clima de paz podre"

"Para um Benfiquista, nada é pior do que chegar a Abril fora da luta por títulos", Mauro Xavier, conhecido sócio encarnado, não esconde a sua desilusão com a presente época.

As recentes eliminações nas finais da Taça da Liga e da Taça de Portugal, juntamente com a saída da Liga dos Campeões frente ao Marselha, têm gerado uma onda de insatisfação entre os adeptos encarnados.

Este cenário de deceção que se faz sentir entre a família benfiquista desencadeou uma série de críticas em relação ao treinador Roger Schmidt e à direção encarnada liderada por Rui Costa.

O último jogo do Benfica para o campeonato português, apesar da vitória convincente sobre o Farense, ficou marcado por momentos de tensão e agressividade por parte de alguns adeptos em relação ao técnico Schmidt.

O arremesso de uma garrafa de água vindo das bancadas do mítico Estádio de São Luís, casa do Farense, demonstrou o descontentamento de uma parte da massa associativa do Benfica, evidenciando a pressão que se faz sentir sobre a equipa técnica e os jogadores.

"A violência gratuita contra os nossos jogadores e corpo técnico excedeu tudo o que é aceitável"

Face ao escalar das criticas na Luz, Mauro Xavier, figura conhecida e respeitada no universo benfiquista, utilizou a sua coluna de opinião no jornal 'Record' para abordar o atual contexto do clube lisboeta.

Para o também comentador desportivo, a situação que faz agitar as águas no atual campeão nacional nesta reta final de temporada é preocupante, uma vez que o clube encontra-se fora da disputa pelos principais títulos da temporada.

"Para um Benfiquista, nada é pior do que chegar a Abril fora da luta por títulos. É isso que gera o visível desconforto de muitos adeptos, que não estão habituados a este cenário", começou por escrever o conhecido sócio encarnado.

No entanto, Xavier destacou a importância de manter um ambiente civilizado e de respeito no clube, condenando veementemente qualquer forma de violência dirigida aos profissionais do Benfica.

"Apesar disso, a crítica não pode passar a urbanidade. Ninguém está satisfeito, mas a violência gratuita contra os nossos jogadores e corpo técnico excedeu tudo o que é aceitável", observou.

"Ao longo de toda a época, os Benfiquistas estiveram sempre ao lado da equipa, apesar de várias exibições menos conseguidas e de resultados pouco promissores. Cada Benfiquista tem a liberdade para debater o rumo do clube, desde que o faça nas instâncias próprias para esse efeito", acrescentou Xavier.

"A grande força do Benfica vem justamente da pluralidade de opiniões presente na nossa massa associativa. Embora não estejamos sempre de acordo, todos temos o mesmo objetivo: vencer", explicou o sócio.

Mauro Xavier destacou ainda no seu artigo de opinião que não existem benfiquistas bons e maus, frisando que a divisão entre os sócios encarnados nunca será o caminho para o sucesso na Luz.

"Não há Benfiquistas bons e Benfiquistas maus e, hoje como sempre, o nosso compromisso com os valores do clube tem ser inabalável. Dividir o que é Unum nunca será o caminho", frisou Xavier.

No entanto, o sócio das águias não esconde a sua desilusão com a época realizada pelos pupilos de Roger Schmidt, voltando a destacar o fato de o Benfica, num espaço de três semanas, foi do 'tudo ao nada' num ápice, apelando a que se comece a definir o rumo dos encarnados para a próxima época.

"No espaço de pouco mais de três semanas, o Benfica passou de 'rumo a tudo a rumo a nada'. A quatro semanas do final da temporada, urge compreender quem fica e quem não fica, sejam jogadores ou treinador", observou.

"Não podemos ficar mais um mês num clima de paz podre, sem preparar o futuro e a agravar conflitos presentes. Depois de uma época de deceção, a reconstrução deve começar já", rematou Mauro Xavier.