loading

FC Porto: Nem que chovam picaretas

Artigo de opinião de Gil Nunes.

FC Porto: Nem que chovam picaretas
Pixabay

Independentemente. Repita-se. Independentemente da natural turbulência associada ao ato eleitoral que se vizinha, há algo de mais forte e coeso que não pode, de maneira nenhuma, ser derrubado: a matriz de uma equipa extremamente jovem, competitiva, e que, na próxima época, nunca deixará de ter um camião de objetivos no bolso. Dos quais se salienta a participação no mundial de clubes. Tudo o que seja colocar esta máxima em causa estará errado. Assim. Independentemente de tudo. E deve ser assim, nem que chovam picaretas.

Independentemente de a leitura contextual ser obrigatória e falar de um clube é falar de uma forma tentacular: resultados + gestão corrente + finanças + recursos humanos. E, obviamente, afirmar tudo o resto (leia-se determinante) que gravita em torno das estrelas e que tem necessariamente de ser tomado em linha de análise sob pena de colapso, no caso do FC Porto até o eventual menos pode ser transformado em mais. Em traços simples, não vender e protelar poderá significar títulos e, por conseguinte, ativos mais valorizados e vendas mais espetaculares a montante. A paciência é amiga da glória.

Porque vem aí o europeu e, para além disso, a eliminatória diante do Arsenal não desapareceu na sarjeta. Despertou cobiça e interesse. E não é por acaso que Wendell, Pepê e Galeno vão à seleção do Brasil: pela qualidade em si, é certo, mas pela plasticidade tática que apresentam dentro de campo que, claramente, facilita a vida de quem é selecionador e tem quatro ou cinco dias para colocar a máquina a rolar.

A caneta pode ser mais poderosa que a espada. O romântico pode existir. E com a ajuda das seleções: ora, não é qualquer clube que coloca três jogadores na seleção do Brasil, sendo que Brasil e Andorra são seleções diferentes. Num segundo ora, se tal acontece, então há reais motivos para a permanência do FC Porto significar um futuro upgrade, até porque o onze se manteve mais ou menos constante e as hipóteses de conquista de títulos multiplicam-se em face da coesão adquirida dia após dia. Um + um + um. Aritmética dos títulos.

Num ato eleitoral em que um (Villas-Boas), por muito rival que seja, não pode deixar de tomar o adversário (Pinto da Costa) como referência, o futuro próximo dos dragões tem outra prioridade na espuma dos dias: a manutenção de um esqueleto uno e indivisível e a garantia de tranquilidade para que o mesmo continue o seu trajeto ascendente com o mínimo de interferências. Derby entre emoção e razão. Com emoção e romantismo a golearem.

Até porque o passado não deixa mentir. Foram várias temporadas com a equipa em processo de reconstrução. Tijolo a tijolo. Minuto a minuto de treino. Nesta temporada, por exemplo, foi necessário esticar-se ao máximo a contratação de Alan Varela ao Boca Juniors ou então colocar-se Nico Gonzalez em cativeiro até este ser lançado de forma sólida e perene. Sem retrocessos. E ambos os jogadores valem bem mais agora do que na altura em que foram contratados. Mas, o que interessa mesmo, é o batimento cardíaco de uma equipa que foi restabelecida e que, atualmente, tem capacidade para discutir uma eliminatória da Liga dos Campeões com o líder da liga inglesa. Sem receios e com reais e não fortuitas hipóteses de seguir em frente.
Se a temporada ainda não terminou e compete aos dragões agarrar o que ainda pode ser possível, certo é que os próximos tempos podem ser de desenvolvimento tranquilo em contexto de laboratório. O pacto e a sua fundamentação. O melhor que poderá acontecer ao FC Porto é existir uma constatação unânime em torno da equipa principal e do seu enorme potencial de crescimento. E que tudo o que possa advir que motive reconstrução será sempre improcedente em relação ao caminho que se deseja trilhar. Será por aí.

Num desenho da equipa que conta com Taremi mas que, paulatinamente, o vai diluindo na neblina da previsível saída, os tempos ainda são de ajuste. Em alguns setores específicos. Caso da defesa, que precisa de novas soluções sobretudo nos corredores, zona onde é necessária alguma blindagem sobretudo quando os jogos solicitarem uma maior consistência defensiva e um dragão não tão dominador. Ou tornar a zona central mais versátil em termos de recursos de banco de suplentes. Ou mesmo limpar os excedentes e arriscar num caminho limpo para as boas fornadas de jovens que vão surgindo.

Limagem em detrimento da lavandaria de início de época. Da revolução. Caso contrário entra-se num ciclo que até poderá ser vitorioso – reconstruir, em alguns casos, pode ser sinal de triunfo – mas muito dificilmente se conseguirá reerguer uma equipa com tantos predicados numa só panela: talento, juventude e potenciar para vingar. Em Portugal e na Europa. Só sei que vou por aí. Nem que chovam picaretas.

Siga-nos no Facebook, no Twitter, no Instagram e no Youtube.

Relacionadas

Para si

Na Primeira Página

Últimas Notícias

Notícias Mais vistas

Sondagem

Quem será o próximo presidente FC Porto?